domingo, 17 de junho de 2012


2o Lugar: CRÔNICA:
Antônio Vilela Pereira
Jataí/GO
CRÔNICA DO ZÉ NINGUÉM...
Eu venho da metade do século passado, um pouquinho antes, venho do final da Segunda Guerra Mundial, do país acordando em manhã ensolarada, preparando-se para grandes transformações e mudança de mentalidade.
Eu venho do êxodo rural, das populações do cerrado em mobilidade, mudando-se pras cidades mais próximas ou fundando vilas e povoações, onde pudessem construir pequenos grupos escolares, pros seus filhos estudarem.
Eu venho da aurora, que iluminou a escuridão da ignorância, que desnudou uma nova civilização, que ocupou o vazio das horas com muito trabalho, nos cerrados goianos.
Eu venho do impossível, do inacreditável, do quase nada, do clarão do pensamento sonhador, de que é preciso querer para depois poder.
Eu venho das quatro estações do ano. Das flores da primavera, que geram os frutos do outono. Do calor do verão, que transpira no aguaceiro do inverno.
Eu venho de uma terra encantada, que tem frutos saborosos, que tem riachos murmurantes, que tem pássaros cantores, que tem bichos nativos, que tem vida na plenitude, que tem amor nos detalhes.
Eu venho de um tempo esquecido, que acreditou na esperança de uma existência melhor para todos.
Eu venho como rebento dos pobres e vim para escrever o meu nome no mármore ou no granito, com placa de bronze.
Leitor ou leitora, não se assuste. Eu me chamo "Zé Ninguém". Sou apenas um "Zé", que no começo de tudo, não queria tanto... Afinal, queria apenas ser alguém, cansado de ser ninguém...

Nenhum comentário:

Postar um comentário