2o Lugar: CRÔNICA:
Antônio Vilela
Pereira
Jataí/GO
CRÔNICA DO ZÉ NINGUÉM...
Eu venho da
metade do século passado, um pouquinho antes, venho do final da Segunda Guerra
Mundial, do país acordando em manhã ensolarada, preparando-se para grandes
transformações e mudança de mentalidade.
Eu venho do
êxodo rural, das populações do cerrado em mobilidade, mudando-se pras cidades
mais próximas ou fundando vilas e povoações, onde pudessem construir pequenos
grupos escolares, pros seus filhos estudarem.
Eu venho da
aurora, que iluminou a escuridão da ignorância, que desnudou uma nova
civilização, que ocupou o vazio das horas com muito trabalho, nos cerrados
goianos.
Eu venho do
impossível, do inacreditável, do quase nada, do clarão do pensamento sonhador,
de que é preciso querer para depois poder.
Eu venho
das quatro estações do ano. Das flores da primavera, que geram os frutos do outono.
Do calor do verão, que transpira no aguaceiro do inverno.
Eu venho de
uma terra encantada, que tem frutos saborosos, que tem riachos murmurantes, que
tem pássaros cantores, que tem bichos nativos, que tem vida na plenitude, que
tem amor nos detalhes.
Eu venho de
um tempo esquecido, que acreditou na esperança de uma existência melhor para
todos.
Eu venho
como rebento dos pobres e vim para escrever o meu nome no mármore ou no granito,
com placa de bronze.
Leitor ou
leitora, não se assuste. Eu me chamo "Zé Ninguém". Sou apenas um "Zé",
que no começo de tudo, não queria tanto... Afinal, queria apenas ser alguém, cansado
de ser ninguém...
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